Wait, they don't love you like I love you.

Às vezes eu prefiro não aceitar o fato de que almas gêmeas possam existir. Uma única pessoa que nos completa, junta nossos pedaços, transforma tudo que está partido em um só. Porque se isso existe, então eu perdi a minha e terei certeza de que nunca vou ter alguém que me ame com a intensidade que eu o amava. Tem que haver mais de só uma pessoa. Temos que ter o direito de escolha.
Ele costumava me olhar como se eu fosse a garota mais bonita do mundo, e eu o olhava e baseava todo minha vida ao seu redor, pois queria que ele fosse o centro do meu universo. Eu deixava minha mão em cima da mesa de propósito só para que ele a tocasse sem querer quando passasse. Nós só tínhamos oito anos de idade, e segurar mãos era a maior prova de amor do mundo. Sua mão cobria a minha por completo e ele segurava firme, me dando a falsa ilusão de que ele não me deixaria nunca mais. Eu não nos imaginava separados porque parecia muito errado pensar nisso. Acho que ele não pensava nisso também. Uma vez ele me deu seu anel de formatura, que já não cabia mais em seu dedo, mas encaixava perfeitamente no meu. Eu olhava para a pedra azul na armação barata como uma mulher olharia para o seu anel de noivado. Ele gostava de andar comigo, de mãos dadas, e eu gostava dele. No fim do ano tivemos as férias. Ele não estava lá no ano seguinte.
Eu ainda tenho o anel que ele me deu. O prateado já escureceu e ele mal entra no meu dedo mindinho. Me pergunto se ele ainda pensa em mim, pois constantemente me pego imaginando como ele deve estar. Nunca mais consegui o encontrar, nunca soube seu sobrenome, pois quando somos novos não nos preocupamos com isso. Provavelmente nunca mais o verei, mas ainda o amo. Talvez eu tenha conhecido minha alma gêmea, mas o conheci jovem demais. Prefiro então pensar que isso é só uma bobagem criada por românticos otimistas. Prefiro acreditar que de seis bilhões de pessoas, não estamos predestinados a só uma.

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