Premissas

A premissa do desejo é a chama
Que queima, queima
Queima e queima
Até não ter mais o que incendiar
Então se apaga
E procura outro corpo
Que possa tocar fogo
Deixando para trás somente as cinzas
Que se espalham ao vento
E levam aos quatro cantos
A poeira do que um dia foi o combustível
E o fruto de um desejo

 A premissa do amor é a dor
De saber que somos um só
Separados em dois corpos
É a dor de estar junto
E não estar
A dor de estar perto
Mas não tanto
A dor do juramento
Que será quebrado antes de ser selado
Pois uma hora ou outra
A proximidade se tornará distância
E a dor de estar junto
Tornar-se-á a dor de se separar

Foi-se

Bater na madeira. Uma, duas, três vezes.
Chances, todos nós temos chances. Não foi isso que ele disse certa vez? Consigo quase lembrar das palavras. "Todo mundo tem sua chance, Katt". E aí me deu as costas. Ele bateu à porta e eu na madeira. Sabe o que mais todos nós temos? Sonhos. E quem acabe com esses sonhos, os cubra de disel e ateie fogo. Lágrimas, nunca vi um ser humano que não as possuísse. Alguns fazem questão de mostrá-las em público, outros só choram sozinhos e sempre tem um ou outro (homem, quase sempre) que suprime sua existência.
Existência, todos falam disso como se fosse a razão de tudo. Lamento avisar que existir é sobrestimado demais. Todo mundo existe, e não precisa nem ser lá grandes coisas. Bactérias e fungos e vírus e átomos.
Ele foi indo, e indo, e indo. Não me interessa. Chances, certo... Me faz rir, gargalhar.

Um Romance Sobre Cafés e Cigarros

Faz tanto tempo desde que escrevi isso, mas ainda assim me sinto como se estivesse presa nesse momento para o resto da minha vida.

Levanto em silêncio, não quero acordá-lo. O vento vindo da janela aberta me deixa arrepiada, minhas costas estão nuas. Onde está a droga da minha camisa? E minha saia? Vasculho a sala com os olhos e reconheço os sinais de um apartamento pós-festa. Festa, festa. Por que isso não me lembra nada? Talvez fosse só um sonho. Preciso que alguém me acorde, me belisque, mas antes disso preciso de um café.
Acho que ele não vai se importar que eu gaste seu café vagabundo, nem que eu pegue um dos cigarros sem filtro que ele sempre fuma. Aquela droga de cigarros sem filtro que sempre me fazem lembrar dele. Será que foi assim que eu vim parar aqui? Bebo um gole do café. Lembro de ter chegado em casa depois do trabalho. Depois disso, nada.
Tenho certeza de que não aconteceu nada de muito ruim. Como diria, ou não, Bukowski, não me sinto uma mulher que acabou de ser fodida. Estou apenas com dor de cabeça e uma ressaca moral pior do que a física. Pego algumas notas de dez reais que sei que Nicholas sempre guarda em um pote de Nescau velho, debaixo da pia. Um pouco mais do que o suficiente para pagar a corrida de táxi até a minha casa.

Verão. Inverno.

Me entreguei ao mundo das crônicas. Por que não haveria de me entregar? Vou dar uma chance a esse pequeno universo que é escrever sobre o cotidiano. Escreverei sobre meus encontros, os melhores e piores, sem me importar em ocultar nomes ou em poupar detalhes. Novamente, por que não?

Why am I seeing screens?

ACSAC by user482219

Coisas que considero serem subestimadas:
  • Sexo;
  • Animal Collective;
  • Sylvia Plath;
  • Amigos de infância;
  • Namorados leais.
Coisas que considero serem sobrestimadas:
  • Sexo;
  • Lady GaGa;
  • Crepúsculo;
  • Pessoas que mal conhecemos e já intitulamos como "melhor amigo";
  • Garotos bonitos.

Wait, they don't love you like I love you.

Às vezes eu prefiro não aceitar o fato de que almas gêmeas possam existir. Uma única pessoa que nos completa, junta nossos pedaços, transforma tudo que está partido em um só. Porque se isso existe, então eu perdi a minha e terei certeza de que nunca vou ter alguém que me ame com a intensidade que eu o amava. Tem que haver mais de só uma pessoa. Temos que ter o direito de escolha.
Ele costumava me olhar como se eu fosse a garota mais bonita do mundo, e eu o olhava e baseava todo minha vida ao seu redor, pois queria que ele fosse o centro do meu universo. Eu deixava minha mão em cima da mesa de propósito só para que ele a tocasse sem querer quando passasse. Nós só tínhamos oito anos de idade, e segurar mãos era a maior prova de amor do mundo. Sua mão cobria a minha por completo e ele segurava firme, me dando a falsa ilusão de que ele não me deixaria nunca mais. Eu não nos imaginava separados porque parecia muito errado pensar nisso. Acho que ele não pensava nisso também. Uma vez ele me deu seu anel de formatura, que já não cabia mais em seu dedo, mas encaixava perfeitamente no meu. Eu olhava para a pedra azul na armação barata como uma mulher olharia para o seu anel de noivado. Ele gostava de andar comigo, de mãos dadas, e eu gostava dele. No fim do ano tivemos as férias. Ele não estava lá no ano seguinte.
Eu ainda tenho o anel que ele me deu. O prateado já escureceu e ele mal entra no meu dedo mindinho. Me pergunto se ele ainda pensa em mim, pois constantemente me pego imaginando como ele deve estar. Nunca mais consegui o encontrar, nunca soube seu sobrenome, pois quando somos novos não nos preocupamos com isso. Provavelmente nunca mais o verei, mas ainda o amo. Talvez eu tenha conhecido minha alma gêmea, mas o conheci jovem demais. Prefiro então pensar que isso é só uma bobagem criada por românticos otimistas. Prefiro acreditar que de seis bilhões de pessoas, não estamos predestinados a só uma.

Está Decidido

Vou organizar esse blog inteiro, apagar o que não importa e começar a postar aqui com mais frequência, é.